Um espírito surgiu-me como flores azuis em um bosque de bétulas.
Rompendo a terra como um excessivo vapor vulcânico de idéias.
Nascido da mente de deuses, sozinho e autônomo, todo ele azul dentre o musgo comum, assim me veio.
Inacessível? Misteriosos? Talvez!
Havia uma grande impressão de plenitude que dele, o espírito emanava.
E como um espaço oco cheio de perguntas que as respostas esvaziavam gritando para a existência.
Fazendo cair às folhas vermelho-dourado das bétulas.
Mas o bosque estava fechado…
O eco me olhava e chorava, tentando entrar querendo em mim.
…Não me perturbo!
O espírito ali agora é chumbo, e o azul das flores presente é mudo.
Mundo! Mundo! Mundo!
Porque vomitas todo dia um “Raimundo”?
Há em teu coração uma “Esperança” preeminente que difere de Klint?
Será que furará a pedra a tua água?
Expande-se no bosque uma luz.
Incandescida a densidade nela se traduz.
A flor ali não mais é chumbo. Não mais é azul. E o mundo não é só “Raimundos”.
Na vertigem da velocidade um prisma decompõe a cor. Ganha volume o ordinário.
Transforma aporia em arte.
E no denso bosque de bétulas as flores azuis rompem a terra em toda parte.
Se há em mim ainda agonia de um bastado que não me caiba?
Sim.
Pois sem ela, não inovo e em mim sucumbe a arte.
18/01/2010 á tarde
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Semícapro
janeiro 18, 2010janeiro 16, 2010
Dessa janela sozinha
Olhar a cidade me acalma
Estrela vulgar a vagar
Rio e também posso chorar
E também posso chorar
Mas tenho os olho tranqüilos
De quem sabe seu preço
Essa medalha de prata
Foi presente de uma amiga
Foi presente de uma amiga
Sobre um pátio abandonado
Profetas nos corredores
Mortos embaixo da escada
Hey, hey, hey mãe isso faz muito tempo
Hey, hey, hey mãe isso faz muito tempo
Hey, hey, hey mãe isso faz muito tempo
Hey, hey, hey mãe isso faz muito tempo
No fundo do peito esse fruto
Apodrescendo a cada dentada
Oh, mãe
No fundo do peito esse fruto
Apodrecendo a cada dentada
SENTIMENTO INACABADO I
janeiro 13, 2010És o meu deus-pequenino sem rosto, de tímido sorriso…
Sonso, sincero, de mentiras brandas e traquino!
Andas pelo meu bosque, faz mil travessuras
Machuca minhas rosas, e com os espinhos me fura.
Teus passos: pisos sem destino!
Medicina-sem-cura é paixão em coração de menino.
Abre-me um rio, na margem, me procura.
Faz-se caminho-mundo
Flertam-me cinismos que me depura.
Aquele que me traz o ácido.
Doce – áspero sinestésico depressivo.
O que contém dezoito afetos de inseguro fascínio.
Seja lá o que quis querer que a mim tu me viesses.
Como me veio lhe recebi nos olhos.
E o que ficou em nós foi um afago de teus vestígios.
Doce-macho flor que jaz (em) mim um lirismo,
Ócios de adágios rastros lentos de suspiros.
Ainda não sabes a dor que me causa a falta que faz.
Pois a mensura de tuas vivências não tocou o intimo da Existência.
Cabe uma espera, mas erva no tempo corre.
Pois coração de gente tem pressa para amar até nos sonhos que dorme.
Tempo passa, matando a pele Tempo-Homem.
Amor em suspensão quando não adoece morre.
Manhã de 13 de janeiro 2010
Pecado Caetano Veloso Composição: Carlos Babr/Pontier Y Francini/Arg-1975
dezembro 15, 2009Yo no sé si es prohibido
Si no tiene perdón
Si me lleva al abismo
solo sé que es amor
Yo no sé si este amor es pecado que tiene castigo
Si es faltar a las leyes honradas
Del hombre y de Dios
Solo sé que aturde la vida
Como un torbellino
Que me arrastra, me arrastra
A tus brazos en ciega passión
Es más fuerte que yo
Que mi vida, micredo y mi sino
Es más fuerte que todo el respeto
Y el temor de Dios
Aunque sea pecado
Te quiero, te quiero lo mismo
Y aunque todo me niegue el derecho
Me aferro a este amor
Fala do filme “Do começo ao Fim”
dezembro 15, 2009– Eu te amo
– E por que você me ama?
– Eu te amo porque você é meu. Eu te amo porque você precisa de amor!
– Eu também te amo!
– E por que que você também me ama?
– Eu te amo porque… para entender o nosso amor ia ser preciso virar o mundo de cabeça para baixo.
Vinho Fragmentado
dezembro 14, 2009Ainda parte-me quando olho um riso teu, em um retrato que de ti no
computador guardo.
Tenho você do mesmo jeito que me veio: intacto, dorido dentro de mim sem
matéria – apenas abstrato.
Porque sempre me dormes no peito? Porque não vais logo embora?
Deixa-me só que sei me virar! Talvez me reste um jeito.
Mas não é você…
É o meu querer te ter que me aprisiona nesse devir louco de te gostar.
É esse o meu defeito!
Estou frio e com medo.
O sol esconde – se de mim e hoje ao céu nem a lua me veio.
Tudo ausente e tão etéreo. Sem fim começo e meio.
Como sair de si, se em tudo receio, e do nada estou cheio?
Vinhos são os caminhos que lhe chego a ti felicidade.
Mas o tempo já passou, e há vinagre nas palavras, na timidez cinica do nosso
olhar, talvez saudade.
Se ao menos houvesse sentimento que retroa-se, que não fosse só amizade,
Ambos cúmplice teríamos avançado tua, nossa lua-idade.
Mas não queremos sentir vontade de sentimento.
Queremos assim estar como o ser, o nada, sem alegrias, sem vida, sem
lamentos. Vazios como a noite-cidade.
Manhã 14/12/2009
Seu não-estar
dezembro 13, 2009A saudade de ti me faz só em meio a muitos
Parece mentira, já lhe disse outras vezes
Você não acreditava, falava em absurdos.
Meus olhos te fitavam, os seus correram, inventaram outro assunto.
Basta um dia para me sentir vazio, me sentir longe… deserto-mundo.
Um troço que trava, um soluço ameaça, mas não desaba, é quando me furto
E você me faz falta, te procuro noutras imagens, mas não há nada lá no fundo.
Essa ausência tua, independe de lugar, se juntos estamos e calamos o falar
Distante tu se faz e engendra um não-estar.
Muitas foram às vezes que o amor se disse em nosso olhos
Mas preferimos a cegueira, fingir não existir, deixar passar.
Na volta pra casa sempre me apertava o peito uma vontade de te dizer
Mas o respeito me calava… amigo, não queria te perder.
E hoje um arrependimento é o que me sobra!
Pois poderia ter só agora uma saudade que não fosse essa.
Mas uma saudade de te amar.
De fazer encontro entre mim e ti no seu não-estar.
Manhã de 12/12/2009